Natalense

23 abril 2005

Os Simpsons" continuam alienados, depois de tantos anos no ar

Deu no New York Times de 24/04/2005

THE NEW YORK TIMES"
Os Simpsons" continuam alienados, depois de tantos anos no ar

Animação comemora nesta semana marca recorde de 350 episídios
David Carr
Em Los Angeles
Se, pelo bem da arte ou da ciência, uma pessoa tivesse de sentar-se e assistir em seqüência a todos os episódios de "Os Simpsons" já feitos, ficaria mais de uma semana sem dormir, assistindo a 350 episódios de meia hora. A série é apresentada no Brasil pelo canal pago Fox às 20h30 dos domingos (atual temporada).
Nessa maratona, o espectador ficaria sabendo que a vida em uma rua chamada Evergreen Terrace nunca muda, que Bart, Lisa e Maggie, com seu criador, Matt Groening, não vão crescer e que os Simpsons, um dia considerados as tropas de choque da mortificação cultural, são um exemplo de estabilidade familiar na efêmera TV.
Apesar de alguns de seus fãs mais ferozes sugerirem que o programa perdeu o gás há algum tempo, ele continua em ritmo acelerado, com 20 autores trabalhando na temporada do próximo ano, buscando mais uma piada que ainda não foi contada em "Os Simpsons".
O seriado cômico animado, que parecia ter perdido um pouco do pique com o passar do tempo, voltou aos noticiários com um episódio sobre o casamento gay no início deste ano, e mais tarde nesta temporada com um episódio satírico, para alguns sacrílego, sobre o flerte dos Simpsons com o catolicismo e outro sobre o apocalipse."Os Simpsons", que havia se tornado tão familiar quanto um par de calças de moletom, descobriu uma maneira de espetar o dedo novamente nos olhos dos espectadores.Groening, apesar de ter sugerido em entrevistas anteriores que o programa talvez estivesse chegando ao fim, encontrou nova inspiração.
"Acho que o programa quase atingiu seu ponto intermediário, o que significa mais 17 anos", ele disse --isso sobre um programa que já é o mais antigo atualmente em exibição.

19 abril 2005

Perfil: Ratzinger cristaliza tradição e conservadorismo

Habemus papam. Bento XVI é o novo papa.

19/04/2005 - 17h09m

Agências Internacionais
CIDADE DO VATICANO - O Cardeal Joseph Ratzinger, de 78 anos, eleito Papa e sucessor de João Paulo II, é o prelado que talvez mais claramente representa a linha mais dogmática da Igreja Católica Romana. Suas idéias muitas vezes chocam as correntes liberais de seu país de origem, onde chegou a ser acusado de adotar um estilo inquisidor. Mas o novo Papa tem numerosos seguidores jovens, e fiéis conservadores que o admiram profundamente, vibrando com sua defesa dos valores da Igreja a despeito da pressão da sociedade. O novo Papa também carrega o ônus da imagem de guardião doutrinário, cargo que ocupou por 24 anos. Durante muito tempo teve que brigar com a fama de "Grande Inquisidor", por causa de suas, às vezes, decisões polêmicas e afirmações à frente do antigo Santo Ofício. Antigos alunos, no entanto, dizem lembrar-se de um homem simpático e gentil, um teólogo e intelectual brilhante. Nascido e batizado no dia 16 de abril de 1927, em um sábado na véspera da Páscoa na pequena cidade alemã de Markti, na Bavária, Ratzinger cresceu em tempos de guerra na Alemanha e descreveu em sua autobiografia como foi forçado a se unir à Juventude de Hitler quando era um jovem seminarista sem, no entanto, nunca ter se filiado ao Partido Nazista. De 1946 a 1951, estudou filosofia e teologia na Universidade de Munique. Em 1951, foi ordenado sacerdote. Depois de obter o doutorado, em 1953, ele assumiu as cátedras de teologia de diversas cidade alemães, concentrando seus ensinamentos no dogma e na teologia fundamental. Ratzinger primeiro chamou atenção como um teólogo liberal que trabalhou como consultor do Concílio Vaticano II (1962-1965). O marxismo e o ateísmo dos protestos estudantis na Europa em 1968 levaram-no a se tornar mais conservador, para defender a fé contra o secularismo crescente. Foi Arcebispo de Munique até assumir a Congregação para a Doutrina da Fé, em 1981. Nesse cargo, Ratzinger calou sacerdotes latino-americanos da "Teologia da Libertação", como o voto de silêncio imposto ao frei Leonardo Boff, um dos líderes da corrente, vista pelos conservadores como de tendência marxista; denunciou a união entre pessoas do mesmo sexo e pressionou os sacerdotes asiáticos, que viam as religiões não cristãs como parte de um plano de Deus para a Humanidade. Em um documento divulgado no ano de 2000, "Dominus Jesus", classificou as outras igrejas cristãs como deficientes, afirmando que "apenas na Igreja Católica existe a salvação". As afirmações surpreenderam anglicanos, luteranos e outros protestantes que mantiveram diálogo ecumênico com Roma durante anos. Crítico da reforma litúrgica introduzida por João Paulo VI, também se mostrou contrário ao "excesso" de novidades introduzidas nas missas que, em sua opinião, acabam se transformando em espetáculo. Mas apesar de seu pensamento e das aparências, Joseph Ratzinger também tem fama de homem amável, com senso de humor e costumes simples, como passear quase que diariamente pelas ruas do Borgo Pío, nos arredores do Vaticano. A idade de Ratzinger era considerada um problema, e, a amigos, ele teria confessado que não almejava o posto. Mas o novo Papa demonstra vitalidade, apesar de problemas de saúde. Na homilia da missa pública que antecedeu o Conclave, na Basílica de São Pedro, Ratzinger, decano do Colégio Cardinalício, deu a tônica do pensamento que deve ter orientado sua escolha: a Igreja precisa resistir a modismos e não deixar-se levar por "ventos de doutrinas", ressaltou, citando uma passagem bíblica. Uma desuas frases favoritas é: "A bondade implica também na capacidade de dizer não". Os "nãos" de Ratzinger foram até agora os mesmos usados por seu antecessor em matéria de moral - não ao sacerdócio de mulheres, não ao casamento de sacerdotes, não à homossexualidade. Como decano do Colégio de Cardeais, celebrou a missa no funeral do Papa João Paulo II e dirigiu os encontros diários de cardeais para discutir o novo papado. Ratzinger foi o cardeal de idade mais avançada a ser nomeado Papa desde Clemente XII, que também tinha 78 anos quando se converteu Papa, em 1730. Escritor prolixo, dedicou a maior parte de sua vida à escrita, primeiro de pesquisas teológicas e, mais tarde, de documentos do Vaticano. Embora já tenha publicado suas memórias, sua eleição para Papa a essa altura da vida, seginifica que terá que recomeçar sua biografia mais uma vez.
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18 abril 2005

Lenda mostra que a papisa Joana governou a Igreja


Publicado em 15.04.2005 no JC - Pernambuco

CIDADE DO VATICANO – A “papisa Joana” foi a única mulher a governar a Igreja durante quase dois anos, até morrer, dando à luz em meio a uma procissão que presidia, segundo uma lenda que circulou na Europa por vários séculos. A partir desta história teria nascido o rito de apalpar os atributos masculinos do papa eleito para evitar que outra mulher voltasse a ocupar o trono de Pedro.
Segundo este costume, obviamente não confirmado pelo Vaticano, pedia-se ao papa eleito que se sentasse em uma cadeira vazada para permitir que um eclesiástico verificasse manualmente sua masculinidade antes de proclamar: “Duos habet et bene pendentes” (Tem dois e bem pendentes).
A partir deste momento, o camerlengo podia exclamar o famoso “Habemus Papam!” (Temos Papa). A origem desta lenda, segundo alguns estudiosos, remonta ao final do século 10, mas outros situam o papado de Joana até dois séculos e meio antes, depois da morte de Leão IV, coincidindo com uma época de crise e confusão na diocese de Roma, cujos fiéis elegiam o papa.
Segundo alguns relatos, Joana teria sido uma jovem oriental que chegou a Roma e se disfarçou de monge, impressionando a todos os cardeais por sua erudição. Eleita papa, descobriu-se logo grávida de um oficial romano, mas conseguiu ocultar a gravidez, vindo a dar à luz durante uma procissão.
Há duas versões para sua morte: a de que teria sido apedrejada até morrer pelos fiéis ao descobrirem a farsa, e a de que teria sucumbido às dores do parte, sendo aclamada pelos cardeais que gritavam: “Milagre! Milagre!”