Natalense

30 maio 2004

Professor sabe-nada

GILBERTO DIMENSTEIN

Há um fato quase desconhecido, capaz de surpreender até mesmo especialistas na realidade social brasileira. Da população empregada na cidade de São Paulo no mês passado, cerca de 46% têm diploma de ensino médio ou superior. O que impressiona, porém, é a evolução desse indicador nos últimos 20 anos.
Considerando os dados de escolaridade de quem trabalha em São Paulo, segundo a Fundação Seade, notamos que o salto é expressivo. Em 1985, apenas 27% dos profissionais estavam naquela faixa de escolaridade. Em apenas uma geração, portanto, por pouco não se dobra o número de pessoas ocupadas com, no mínimo, 11 anos anos de estudo. Nesse período, o número de diplomados em alguma faculdade saltou de 9,8% para 14,6%.
Em 1985, 55% deles tinham só o ensino fundamental incompleto; agora, essa porcentagem baixou para 31%. Isso significa que, ano a ano, mais centenas de milhares de jovens cursam o ensino médio e superior. Em mais 20 anos, a seguir esse ritmo, quase todos terão, pelo menos, o ensino médio; um em cada três profissionais exibirá canudo universitário. Que significam esses números?

Significam várias coisas. Uma delas é positiva: as grandes cidades no geral e as metrópoles em particular estão promovendo um boom de conhecimento como nunca se viu em nossa história. Outra é negativa: não estamos preparados para essa demanda.
Mais uma prova desse despreparo foi divulgada na segunda, numa pesquisa da Unesco sobre o perfil do professor brasileiro das redes pública e privada. Veja o drama: 1) 45% nunca foram ou foram só uma vez a um museu; 2) 40% nunca foram ou foram só uma vez ao teatro; 3) 25% nunca foram ou foram só uma vez ao cinema. Na chamada era do conhecimento, cerca de 60% não usam internet ou e-mail.
Até porque sabem bem onde trabalham, alguns dos professores de escolas públicas optam (outros, se pudessem, optariam) por matricular seus filhos numa instituição particular.

Alguém sabe como se cria uma nação democrática sem escola pública de qualidade? Alguém sabe como se faz uma boa escola sem bons professores, conectados com o mundo? Resposta óbvia: isso é impossível.
Sei que é exigir muito, mas a melhor ação que o prefeito a ser eleito neste ano pode fazer para aprimorar o capital humano -a maior riqueza de sua comunidade- é investir na formação dos professores. Eleitoralmente, até compreendo por que não se investe mais dinheiro e energia nessa formação. São ações invisíveis, ao contrário da inauguração de obras. Além disso, a semente plantada hoje será colhida por outra pessoa -talvez muito tempo depois. Para complicar, a opinião pública não demanda essa prioridade, refém que é, muitas vezes, do show de marketing -ou, pior, refém da ignorância.
O que mais existe, até agora, são projetos fracos, inconsistentes, limitados, ao lado de algumas experiências que, embora sejam férteis, ainda estão escassamente disseminadas. No geral, o professor, principalmente de instituições públicas, é massacrado em salas superlotadas, com equipamentos defasados, em meio a alunos e famílias desmotivadas etc. Na prática, são heróis, cujo entusiasmo acaba sendo implacavelmente corroído. Folha de São Paulo de 30/05/04

29 maio 2004

O sonho de "ressuscitar"

O sonho de "ressuscitar" animais de estimação tornou-se realidade nos Estados Unidos, onde a empresa Genetic Savings and Clone, com sede perto de San Francisco, realiza clonagem de gatos por 50 mil dólares "a cópia".

A companhia californiana, que anunciou em 2002 a primeira clonagem de um felino, o "Cc", a partir do DNA da célula de uma gata adulta, deve clonar nove felinos este ano, seis para venda e três para exposição e salões comerciais.

27 maio 2004

Chegada de Cesar

Há dias que não posto. Na terça feira passada foi a chegada de Cesar, depois de 10 meses de estudo nos EUA. Foi muito bom tê-lo de volta ao lar parterno. Fomos almoçar no Tio Pepe em Boa Viagem, para ele comer aquela carne de sol. No resto da tarde, só jogar conversa fora. Ele voltou como Mestre em Literatura. Nos EUA não defesa de tese. Os examinadores, após examinar a tese, assinam a mesma e o aluno faz o depósito na Universidade.

Casamento duradoro


Um casal foi entrevistado num programa de televisão, porque estava casado há 50 anos e nunca tinha brigado.

O repórter, curioso, perguntou à mulher:

- Mas vocês nunca brigaram mesmo?

- Não.

- E como isso aconteceu?

- Bem, quando casamos, o meu marido tinha uma égua de estimação. Era a
criatura que ele mais amava na vida!

- No dia do nosso casamento, saímos em lua-de-mel na nossa carroça,
puxada pela égua. Andamos alguns metros e a égua, coitada, tropeçou.
Meu marido olhou bem firme para a égua e disse:

- Um...

Mais alguns metros e a égua tropeçou de novo. Meu marido encarou a
égua e disse:

- Dois...

No terceiro tropeço ele sacou da espingarda e deu cinco tiros na
bichinha. Eu fiquei apavorada e perguntei:

- Mas por que você fez uma coisa dessas, homem?

Ele olhou para a minha cara e disse:

- Um...

Depois disso nunca mais brigamos!

24 maio 2004

Estratégia

Dizem que havia um cego sentado na calçada, com um boné a seus pés e um pedaço de madeira que, escrito com giz branco, dizia: "Por favor, ajude-me, sou cego".
Um publicitário da área de criação que passava em frente a ele parou e viu umas poucas moedas no boné. Sem pedir licença, pegou o cartaz, virou-o, pegou o giz e escreveu outro anúncio. Voltou a colocar o pedaço de madeira aos pés do cego e foi embora.
Pela tarde o publicitário voltou a passar em frente ao cego que pedia esmola. Agora, o seu boné estava cheio de notas e moedas. O cego reconheceu as pisadas e lhe perguntou se havia sido ele quem reescreveu seu cartaz, sobretudo querendo saber o que havia colocado. O publicitário respondeu:
"Nada que não esteja de acordo com o seu anúncio, mas com outras palavras". Sorriu e continuou seu caminho.
O cego nunca soube, mas seu novo cartaz dizia: "Hoje é Primavera, e não posso vê-la!".

"Mudemos a estratégia quando não nos acontece alguma coisa."

23 maio 2004

Velocidade do tempo



O cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos. Se alguém colocar você dentro de uma sala branca vazia, sem nenhuma mobília, sem portas ou janelas, sem relógio... você começará a perder a noção do tempo. Por alguns dias, sua mente detectará a passagem do tempo sentindo as reações internas do seu corpo, incluindo os batimentos cardíacos, ciclos de sono, fome, sede e pressão sangüínea. Então... quando tempo suficiente houver passado, você perderá completamente a noção das horas, dos dias... ou anos. Estou exagerando para efeito didático, mas em essência é o que ocorreria. Isso acontece porque nossa noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol. Se alguém tirar estes sinais sensoriais da nossa vida, simplesmente perdemos a noção da passagem do tempo.

Compreendido este ponto, há outra coisa que você tem que considerar:
Nosso cérebro é extremamente otimizado. Ele evita fazer duas vezes o mesmo trabalho. Um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia. Qualquer um de nós ficaria louco se o cérebro tivesse que processar conscientemente tal quantidade. Por isso, a maior parte destes pensamentos é automatizada e não aparece no índice de eventos do dia. Para que não fiquemos loucos , o cérebro faz parecer que nós não vimos, não sentimos e não vivenciamos aqueles pensamentos automáticos, repetidos, iguais.
Por isso, quando você vive uma experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo. É quando você se sente mais vivo. Conforme a mesma experiência vai se repetindo, ele vai simplesmente colocando suas reações no modo automático e "apagando" as experiências duplicadas. Se você entendeu estes dois pontos, já vai compreender porque parece que o tempo acelera, quando ficamos mais velhos e porque os Natais chegam cada vez mais rapidamente. Quando começamos a dirigir, tudo parece muito complicado, o câmbio, os espelhos, os outros veículos... nossa atenção parece ser requisitada ao máximo. Então, um dia dirigimos trocando de marcha, olhando os semáforos, lendo os sinais ou até falando ao celular (proibido no Brasil), ao mesmo tempo. E você usa apenas uma pequena "área" da atenção para isso.

Como acontece? Simples: o cérebro já sabe o que está escrito nas placas (você não lê com os olhos, mas com a imagem anterior, na mente); O cérebro já sabe qual marcha trocar (ele simplesmente pega suas experiências passadas e usa, no lugar de repetir realmente a experiência). Em outras palavras, você não vivenciou aquela experiência, pelo menos para a mente. Aqueles críticos segundos de troca de marcha, leitura de placa... são apagados de sua noção de passagem do tempo... Porque estou explicando isso? Que relação tem isso com a aparente aceleração do tempo? Tudo.

Veja, quando você começa a repetir algo exatamente igual, a mente apaga a experiência repetida. Conforme envelhecemos, as coisas começam a se repetir - as mesmas ruas, pessoas, problemas, desafios, programas de televisão, reclamações... enfim... as experiências novas (aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que seu dia pareça ter sido longo e cheio de novidades), vão diminuindo. Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que tivemos de novidade na semana, no ano ou, para algumas pessoas, na década. Em outras palavras, o que faz o tempo parecer que acelera é a... r-o-t-i-n-a.

22 maio 2004

1000 acessos

Esta semana completamos 1000 acesso em nosso blog em menos de 5 meses.Os visitantes foram da Suiça, EUA, Portugal, Argentina, Mexico, Japão, Grécia, Malásia e França.Valeu!!

A Famosa Pandora...

De acordo com a mitologia, a humanidade poderia viver em paz até hoje não fosse uma vingança de Zeus. O todo-poderoso deus do Olimpo perdeu a paciência quando o titã Prometeu, contrariando sua vontade, ensinou aos humanos como fazer fogo. Irritado, Zeus mandou que fosse feita uma estátua de uma linda donzela, batizada de Pandora, e deu a ela uma caixa cheia de malefícios para a humanidade. Ordenou então que descesse até a Terra e abrisse por lá o seu presente. Foi aí que começaram nossos problemas. A caixinha continha, entre outras coisas, dores, doenças, guerras e sofrimentos.

18 maio 2004

A BÍBLIA QUE JESUS LIA


Neste livro desafiador, Yancey põe em xeque a concepção de que não vale a pena gastar tempo para ler e entender o Antigo Testamento.

Com o seu estilo franco e peculiar, o premiado escritor interage com o Antigo Testamento da perspectiva da jornada que ele mesmo empreendeu. Começando por Moisés, o surpreendente príncipe do Egito, e chegando às emoções turbulentas dos salmistas e às vociferações estranhas e singulares dos profetas, Yancey pinta um quadro do Deus de Israel - e nosso - que vem somar à visão exclusivamente neotestamentária do Todo-Poderoso.

Yancey selecionou e examinou com muito critério alguns livros das Escrituras - Jó, Deuteronômio, Salmos, Eclesiastes e os profetas -, revelando-nos como o Antigo Testamento trata com profundidade as questões que mais nos afligem. E, por sinal, o Antigo Testamento não se furta diante de questões que o Novo Testamento muitas vezes somente esboça. Mas isso não deve surpreender. Pois, afinal de contas, é a Bíblia que Jesus lia.

16 maio 2004

Sobre a paixão

Quando os homens fracassam, o que lhes faltou não foi inteligência: foi paixão.” Struther Burt

‘A distância que você consegue percorrer na vida depende da sua ternura para com os jovens, compaixão pelos idosos, solidariedade com os esforçados e tolerância para com os fracos e os fortes, porque chegará o dia em que você terá sido todos eles.” (George Washington)

“Sem paixão, nada de grande se consegue no mundo.” Friedrich Hegel (1770-1831) Filósofo alemão.

“Genialidade é talento acionado pela paixão.” Manual de Treinamento da 3M

15 maio 2004

SAÚDE MENTAL

Sobre o tempo e a eternidade.
Rubem Alves; Ed. Papirus, 1996
Fui convidado a fazer uma preleção sobre saúde mental. Os que me convidaram supuseram que eu, na qualidade de psicanalista, deveria ser um especialista no assunto. E eu também pensei. Tanto que aceitei. Mas foi só parar para pensar para me arrepender. Percebi que nada sabia. Eu me explico.

Comecei o meu pensamento fazendo uma lista das pessoas que, do meu ponto de vista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras são alimento para a minha alma. Nietzsche, Fernando Pessoa, Van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maiakovski. E logo me assustei. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. Van Gogh matou-se. Wittgenstein alegrou-se ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia. Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica. Maiakoviski suicidou-se. Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos.

Mas será que tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as idéias comportam-se bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado; nem é preciso dar uma volta ao mundo num barco a vela, bastar fazer o que fez a Shirley Valentine (se ainda não viu, veja o filme) ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, a coragem de pensar o que nunca pensou. Pensar é uma coisa muito perigosa...

Não, saúde mental elas não tinham. Eram lúcidas demais para isso. Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idosos de gravata. Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótiplos da saúde mental.
Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego numa empresa. Por outro lado, nunca ouvi falar de político que tivesse estresse ou depressão. Andam sempre fortes em passarelas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas.

Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de louco e por isso apresso-me aos devidos esclarecimentos.

Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas chama-se hardware, literalmente "equipamento duro", e a outra denomina-se software, "equipamento macio". O hardware é constituído por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito. O software é constituído por entidades "espirituais" - símbolos que formam os programas e são gravados nos disquetes.

Nós também temos um hardware e um software. O hardware são os nervos do cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo "espirituais", sendo que o programa mais importante é a linguagem.

Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeitos no software. Nós também. Quando o nosso hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam. Não se conserta um programa com chave de fenda. Porque o software é feito de símbolos, somente símbolos podem entrar dentro dele. Assim, para se lidar com o software há que se fazer uso dos símbolos. Por isso, quem trata das perturbações do software humano nunca se vale de recursos físicos para tal. Suas ferramentas são palavras, e eles podem ser poetas, humoristas, palhaços, escritores, gurus, amigos e até mesmo psicanalistas.

Acontece, entretanto, que esse computador que é o corpo humano tem uma peculiaridade que o diferencia dos outros: o seu hardware, o corpo, é sensível às coisas que o seu software produz. Pois não é isso que acontece conosco? Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos de Drummond e o corpo fica excitado.

Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e os acessórios, o hardware, tenham a capacidade de ouvir a música que ele toca e se comover. Imagine mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta e se arrebenta de emoção! Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei no princípio: a música que saia de seu software era tão bonita que seu hardware não suportou.

Dados esses pressupostos teóricos, estamos agora em condições de oferecer uma receita que garantirá, àqueles que a seguirem à risca, saúde mental até o fim dos seus dias.

Opte por um software modesto. Evite as coisas belas e comoventes. A beleza é perigosa para o hardware. Cuidado com a música. Brahms e Mahler são especialmente contra-indicados. Já o roque pode ser tomado à vontade.

Quanto às leituras, evite aquelas que fazem pensar. Há uma vasta literatura especializada em impedir o pensamento. Se há livros do doutor Lair Ribeiro, por que se arriscar a ler Saramago? Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes, fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. E, aos domingos, não se esqueça do Silvio Santos e do Gugu Liberato.

Seguindo essa receita você terá uma vida tranqüila, embora banal. Mas como você cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é.

E, em vez de ter o fim que tiveram as pessoas que mencionei, você se aposentará para, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já terá se esquecido de como eles eram.

Charge do Lula

Veja a charge pronunciamento do presidente LULA, que está muito boa.

Se desfazendo do gato

Essa é antiga, mas muito boa.

Timmy odeia o gato da Suzy e resolve dar um fim no coitado. Coloca o bichinho dentro de um saco, joga no porta-malas do carro e abandona a 20 quadras de sua casa. Quando retorna, lá está o gato em frente ao portão. Nervoso, o português repete a operação e abandona o bichinho a 40 quadras de sua casa. Quando retorna, novamente encontra o gato em frente ao portão. Mais nervoso ainda, pega o gato e anda 10 quadras para direita, 20 para a esquerda, 30 para baixo e diz:
- Agora quero ver!
Cinco minutos depois liga para Suzy:
- Querida, o gato está por aí ?
- Ele está chegando, Por quê querido? Responde Suzy.
- Coloca ele no telefone, que eu estou perdido.

11 maio 2004

Profeta Gentileza


Seguramente muitos do Rio se lembram daquela figura singular de cabelos longos, barbas brancas, vestindo uma bata alvíssima com apliques cheios de mensagens, um estandarte na mão com muitos dizeres em vermelho, que a partir dos inícios de 1970 até a sua morte em 1996 percorria toda a cidade, viajava nas barcas Rio-Niterói, entrava nos trens e ônibus para fazer a sua pregação. A partir de 1980 encheu as 55 pilastras do viaduto do Caju, perto da Rodoviária, com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar de nossa civilização.
Não era louco como parecia, mas um profeta da têmpera dos profetas bíblicos, como Amós ou Oséias.
Como todo profeta, sentiu também ele um chamamento divino que veio através de um acontecimento de grande densidade trágica: o incêndio do circo norte-americano em Niterói, no dia 17 de dezembro de 1961, no qual foram calcinadas cerca de 400 pessoas. Era um empresário de transporte de cargas em Guadalupe e sentiu-se chamado para ser o consolador das famílias dessas vítimas. Deixou tudo para trás, tomou um de seus caminhões e colocou sobre ele duas pipas de 100 litros de vinho e, lá junto às barcas, em Niterói, distribuía-o em pequenos copos de plástico, dizendo: ''Quem quiser tomar vinho, não precisa pagar nada, é só pedir por gentileza, é só dizer agradecido''.
De José da Trino, esse era seu nome, começou a se chamar José Agradecido ou Profeta Gentileza. Interpretou a queima do circo como um metáfora da queima do mundo assim como está organizado, como um circo, pelo ''capeta-capital, que vende tudo, destrói tudo, destruindo a própria humanidade''. Segundo ele, devemos construir outro mundo a partir da gentileza, o que ele fez em miniatura, transformando o local num belíssimo jardim, chamado ''Paraíso Gentileza''. O quarto aplique de sua bata dizia: ''Gentileza é o remédio de todos os males, amor e liberdade''. E fundamentava assim: ''Deus-Pai é Gentileza que gera o Filho por Gentileza. Por isso, Gentileza gera Gentileza''. Ensinava com insistência: em lugar de ''muito obrigado'', devemos dizer ''agradecido'', e ao invés de ''por favor'', devemos usar ''por gentileza'' ,porque ninguém é obrigado a nada e devemos ser gentis uns para com os outros e relacionarmo-nos por amor e não por favor.
Não é exatamente disso que o Rio de Janeiro está precisando? Já dissemos nesta coluna que, junto com o princípio de geometria, a gentileza funda um princípio civilizatório, princípio descurado pela modernidade e hoje de extrema importância se quisermos humanizar as relações demasiadamente funcionais e marcadas pela violência.
A crítica da modernidade não é monopólio dos mestres do pensamento acadêmico, como Freud com seu O mal estar da civilização ou a Escola de Frankfurt, Horkheimer com seu O eclipse da razão e Habermas com o seu Conhecimento e interesse ou mesmo toda a produção filosófica do Heidegger tardio. O Profeta Gentileza, representante do pensamento popular e cordial, chegou à mesma conclusão que aqueles mestres. Mas foi mais certeiro que eles ao propor a alternativa: a gentileza como irradiação do cuidado e da ternura essencial. Esse paradigma tem mais chance de nos humanizar do que aquele que ardeu no circo de Niterói: o espírito de geometria, o saber como poder e o poder como dominação sobre os outros e a natureza. Leonardo Boff

10 maio 2004

Pense nisso

Quando nada parece ajudar, eu vou e olho o cortador de pedras martelando sua rocha talvez cem vezes sem que nem uma só rachadura apareça. No entanto, na centésima primeira martelada a pedra se abre em duas.

09 maio 2004

Como surge um boato

Os índios perguntaram ao seu chefe no outono se o inverno seria rigoroso ou não.
Sem saber realmente a resposta, o chefe responde que o inverno será frio e que os membros da tribo deveriam juntar lenha para se prevenir.
Como ele era um bom líder, foi a um posto telefônico, ligou para o serviço de meteorologia e perguntou:
- O inverno será ameno ou frio este ano?
A pessoa do outro lado respondeu :
- O inverno este ano será bem frio.
O chefe então voltou para sua tribo e orientou-lhes que coletassem mais lenha, só para prevenir.
Uma semana depois, o chefe liga novamente para o serviço de meteorologia:
- O inverno vai ser muito frio?
- Sim, vai ser muito frio. Responde o atendente.
Preocupado, o chefe mais uma vez volta para a tribo e manda coletar ainda mais lenha, e rápido.
Mais uma semana se passa e o chefe liga novamente para o serviço de meteorologia e pergunta:
- Você tem certeza de que o inverno vai ser mesmo muito frio?
Então o atendente responde:
- Com certeza, os índios estão juntando lenha feito uns loucos!

08 maio 2004

PASTOR LANÇA LIVRO SOBRE PAI DA PEDAGOGIA MODERNA


Apesar de ser considerado o Pai da Pedagogia Moderna, por ter sistematizado a ciência da educação, tornando-se um dos pioneiros a defender a democratização e a universalização do ensino, o tcheco João Amós Comenius e sua obra são pouco conhecidos no Brasil. No que depender, no entanto, do rev. Edson Pereira Lopes, essa realidade vai mudar. Ele está lançando, pela Editora Mackenzie, o livro O Conceito de Teologia e Pedagogia da Didática Magna de Comenius, em que analisa a principal obra publicada de Comenius, a Didática Magna. Além disso, em seu doutorado o pastor está traduzindo, do tcheco para o português, uma obra do mesmo autor: Labirinto do Mundo, Paraíso do Coração. O rev. Edson, que pastoreia a IP de Parada XV de Novembro, em São Paulo, explica que Comenius, influenciado pelas idéias protestantes da Reforma Religiosa do século XVI, acreditava que a educação e a religião, no caso, o protestantismo, devem caminhar de mãos dadas e que o homem deve ser educado integralmente. "O fato dele ter sido o Pai da Pedagogia Moderna tem base na sua visão teológica do ser humano, no que afirma que o homem, uma vez sendo imagem e semelhança de Deus, para que cumpra sua função de coroa da criação, deve ser verdadeiramente formado.
Comenius desenvolveu a pedagogia, mas o pré-suposto é teológico", afirma o pastor.
Segundo o escritor, Comenius baseou suas idéias a respeito de Teologia no Protestantismo.
Não era calvinista nem luterano, apesar de ter sido influenciado por Calvino e Lutero e, historicamente, seguiu o pré-reformador John Huss. Nasceu em 1592, onde é hoje a República Tcheca. "Por ter esse elemento protestante e, até pouco tempo, no Brasil, só se falar em educação via catolicismo romano, Comenius foi praticamente descartado. No país, foi recuperado, de 1992 pra cá", afirma o escritor.
O rev. é bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição e mestre em Educação e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde leciona nas faculdades de Teologia e Filosofia, Letras e Educação, e trabalha na Coordenadoria de Extensão de Ação Comunitária, criada em dezembro de 2003.
Rev. Edson Pereira Lopes

07 maio 2004

JARDIM

Rubem Alves - Um amigo me disse que o poeta Mallarmé tinha o sonho de escrever um poema de uma palavra só. Ele buscava uma única palavra que contivesse o mundo. T.S. Eliot no seu poema O Rochedo tem um verso que diz que temos "conhecimento de palavras e ignorância da Palavra". A poesia é uma busca da Palavra essencial, a mais profunda, aquela da qual nasce o universo. Eu acho que Deus, ao criar o universo, pensava numa única palavra: Jardim! Jardim é a imagem de beleza, harmonia, amor, felicidade. Se me fosse dado dizer uma última palavra, uma única palavra, Jardim seria a palavra que eu diria."

06 maio 2004

UM PONTO A CADA CONTO


Os autores de “Histórias e Fábulas Aplicadas a Treinamento”, Albigenor Militão e Rose Militão, coligiram neste interessante livro histórias que podem ser chamadas de inspiradoras. A obra reúne 73 textos divididos em duas partes. Na primeira são contadas 50 histórias, que ajudam a trabalhar grupos em temas como motivação, iniciativa e conformismo, entre outros. Na segunda parte, mais 23 textos com reflexões, poemas, letras de música, sátiras e outros gêneros. O objetivo aqui é que os leitores usem o material como subsídio para criar suas próprias histórias.

“Histórias e Fábulas Aplicadas a Treinamento” - De Albigenor Militão e Rose Militão - 144 páginas - Editora Qualitymark

03 maio 2004

MEIA IDADE



Ninguém sabe muito bem definir o que seja "meia idade".

Meia Idade é um estado de espírito, em que Mick Jagger se recusa a chegar, mesmo já passando dos sessenta, e Paul McCartney já tinha atingido aos 25.

Aí vão algumas dicas, pra você saber se está ou não na Meia Idade, não importa quantos anos você tenha.

VOCÊ SABE QUE ESTÁ NA MEIA IDADE QUANDO :

- Viaja todo ano pro mesmo lugar.
- A ressaca de sexta a noite se prolonga até a segunda pela manhã.
- Prefere a montanha à praia.
- Homem: presta mais atenção numa mulher quando ela fala, do que quando anda.
- Mulher: consegue se divertir mais ao lado de um homem, que embaixo dele.
- Consegue entender a letra de "Águas de Março".
- Seus artistas favoritos têm mais de 20 anos de carreira.
- Não estranha nem se aborrece quando alguém jovem e atraente chama você de "tio" ou "tia".
- Prefere o "Free Jazz" ao "Rock'n Rio".
- Prefere ver o "Free Jazz", o "Rock'n Rio" e o desfile das Escolas de Samba, pela TV e com o ar condicionado no máximo.
- Sente dor no ouvido quando escuta o "Bonde do Tigrão"
- Já teve de ir ao enterro de mais de um dos seus amigos.
- Não recebe convite para nenhum casamento há mais de dez anos, e quando ele chega é da filha de seu amigo, aquela, que faz pouco tempo você foi ao batizado.
- Prefere que alguém dirija pra você.
- Chama o Cláudio Marzo de "aquele galã" da Globo.
- Seu símbolo sexual é a Sonia Braga
- Achou a primeira versão de Irmãos Coragem, Selva de Pedra e Pecado Capital muito melhores que o remake.
- Está "revendo" Roque Santeiro.
- Sabe que uma Monareta é muito melhor que uma Berlineta.
- Acha que silicone é coisa de travesti.
- Fica meio angustiado quando ouve a letra de "Como Nossos Pais"
- Lembra das pernas sensuais do Leão.
- Sabe que a Vera Ficher já foi miss.
- Pior que isso: sabe o que é Miss!!!
- A maioria dos seus CDs é composta de coletâneas.
- Homem: Prefere uma sessão de alongamento a jogar uma partida de futebol.
- Mulher: Consegue ir ao shopping com um objetivo definido e sair de lá em menos de uma hora. E sai.
- Consegue passar horas com seu (sua) parceiro(a) na cama... conversando.
- Relê os clássicos e descobre que eles não eram tão chatos assim.
- Não lembra da última vez que andou de ônibus.
- Não lembra mais como se prepara uma mamadeira.
- A maioria dos telefonemas que recebe em casa, são para os seus filhos.
- Consegue falar, por menos de cinco minutos, no telefone
- Não precisa mais ir àquele espaço alternativo, pra ver seus artistas favoritos, pois eles estão todos na Globo.
- Tem mais cabelos na toalha que na cabeça.
- Não presta mais atenção nas próprias celulites.
- Troca a cerveja por vinho tinto.
- De preferência, vinho Chileno, pois tem mais flavonóide;
- Sabe o que é flavonóide;
- Pode pagar pelo vinho chileno. Afinal, tudo na vida tem suas compensações!!!

01 maio 2004

Pensamentos do Dia


'Ninguém está satisfeito.'
Cristóvam Buarque, senador (PT/DF) e ex-ministro da Educação, resumindo o clima geral criado pelo novo salário mínimo anunciado pelo governo, de R$ 260,00 - apenas 1,21% a mais sobre o nível anterior (O Globo, 30/4)

'Quero repetir a vocês o que disse durante toda a campanha eleitoral: até o fim de meu governo, vamos dobrar o poder de compra do salário mínimo.'
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em pronunciamento à nação por ocasião dos 100 dias de seu governo (Folha de SP, 30/4)

'Estamos com desemprego superior a 10 milhões de pessoas. Somos o terceiro país do mundo em volume de desempregados, embora com a quinta maior população do mundo. Temos quase três vezes mais desempregados que os EUA.'
Marcio Pochmann, economista, professor da Unicamp e secretário municipal do Trabalho da cidade de SP (Jornal do Brasil, 30/4)

Natal

No último final de semana estive em Natal, aquela bela cidade. Visita aos parentes, jantar no Mangai, passeios nas praias do Forte, dos Artistas, via costeira. Não deu para visitar o maior cajueiro do mundo, pois chovia muito. Levei comigo para conhecer Natal os seminaristas Carlos Eduardo (Puck), o qual gostou muito e Aldo/Renata e a pequena Linda Rebeca. Fomos à Igreja do Nazareno - Pastores Gerson Cardoso, Marenildo e Damásio - para a ministração do Seminário sobre Rede Ministerial. Conhecemos também a Ig. Presb. Marinas Praia Sul do Pr. Edinaldo Melo. Valeu Natal!

A Famosa Pandora...

De acordo com a mitologia, a humanidade poderia viver em paz até hoje não fosse uma vingança de Zeus. O todo-poderoso deus do Olimpo perdeu a paciência quando o titã Prometeu, contrariando sua vontade, ensinou aos humanos como fazer fogo. Irritado, Zeus mandou que fosse feita uma estátua de uma linda donzela, batizada de Pandora, e deu a ela uma caixa cheia de malefícios para a humanidade. Ordenou então que descesse até a Terra e abrisse por lá o seu presente. Foi aí que começaram nossos problemas. A caixinha continha, entre outras coisas, dores, doenças, guerras e sofrimentos.