O Cemitério dos Ingleses está localizado na avenida Cruz Cabugá, bairro de Santo Amaro, trajeto que liga o Recife a Olinda. Encontra-se fechado a maior parte do tempo. Apresenta um portão de ferro datado de 1852 - obra dos ingleses da Fundição d'Aurora - e possui um administrador particular, não remunerado, que é eleito, em sua maioria, por ingleses e/ou seus descendentes que ali possuem jazigos. Na capela do referido cemitério pode-se encontrar, também, uma exposição de ex-votos.
O cemitério já teve o nome de estrada de Luís Rego, no Sítio das Salinas. Não foi apenas a última morada de ingleses anglicanos, mas também, nos últimos tempos, de holandeses, franceses, suíços, americanos, alemães, não apenas protestantes, e inclusive de brasileiros não-protestantes. Naquele cemitério permanecem os restos mortais do general Abreu e Lima, que, na época, embora cristão, e não declaradamente protestante, não pôde ser enterrado nos chamados Campos Santos, devido à intransigência do bispo católico Francisco Cardoso Ayres.
A influência inglesa em Pernambuco foi bem marcante. Quando a atual avenida Conde da Boa Vista se chamava apenas de rua Formosa, já existia uma igreja anglicana - a Holly Trinity Church - local onde se encontra, hoje, o Edificio Duarte Coelho e o cinema São Luiz. Os recifenses chamavam-na de Igrejinha dos Ingleses. E, no número 35 do antigo aterro da Boa Vista (a atual rua da Imperatriz), existia o British Hospital, uma casa de quatro andares, com um cais de embarque e desembarque no Capibaribe, que era destinada, em princípio, aos súditos britânicos, e que encerrou as suas atividades no final de 1878. Na própria rua Padre Inglês, no bairro da Boa Vista, hoje chamada de rua do Padre Inglês, costumavam se hospedar os ingleses.
Quando os primeiros clubes de futebol da cidade foram criados, os ingleses estavam presentes. Muitos funcionários da Great Western e da Western Telegraph praticavam esse esporte nos quintais de suas casas. Do entusiasmo desses homens, nasceu o Sport Club do Recife, o primeiro clube de futebol da cidade, fundado em 13 de maio de 1905.
Cabe registrar que, em 1909, houve uma disputa entre os clubes Sport e Náutico (ambos contendo muitos jogadores ingleses), no campo do Pernambuco British Club (não confundir com o The British Country Club, que ainda não existia), clube de origem inglesa, que tinha a sua sede no local onde funciona hoje o Museu do Estado, na Av. Rui Barbosa. Dos campeonatos da época, participavam dois times mantidos pelos ingleses: o Great Western e o Tramways, cujos jogadores eram, em sua maioria, funcionários daquelas empresas. O Tramways, em especial, que muitos chamavam de "Trâmis" chegou a ser destaque no futebol pernambucano, tendo sido campeão estadual em 1936 e 1937.
Em muitos termos usados no futebol brasileiro, como por exemplo, goal, team, goal-keeper, match, referee, foul, center-forward, dribling, corner, off-side, penalty, full-back, palavras que os recifenses deturpavam e diziam quipa, centrefó, dribe, córne, houve uma grande influência dos ingleses. As palavras off-side e penalty, foram incorporados ao futebol, bem como os vocábulos goleiro, escanteio, centroavante e finta. Sem falar em inúmeros outros que foram incorporados à língua portuguesa e que não estão relacionados ao futebol: suéter, bife, vagão, rosbife, blefe e flerte. Há quem diga, até, que a palavra forró surgiu quando a Great Western, para comemorar a inauguração de sua primeira estrada de ferro, promoveu um baile animado por sanfona e zabumba, colocando um cartaz escrito for all (para todos).